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Cultura de inovação: a iniciativa deve partir dos CEOs

Inovação é sinônimo de novidade e agilidade, mas exige paciência e tranquilidade. No caso de empresas tradicionais, onde muitas barreiras terão que ser derrubadas, essa dose de serenidade precisa ser redobrada.

Uma sugestão que já abordamos, por exemplo, é a implementação gradual de metodologias ágeis nessas empresas, até que a inovação seja efetivamente parte da cultura da companhia.

Mas há um ponto que não há muito espaço para discussão: para a inovação ser disseminada em uma empresa tradicional, é preciso, antes de mais nada, que a diretoria esteja disposta a fazer esse investimento. “A inovação começa de cima para baixo, a partir de pessoas que têm poder de decisão”, diz Ignácio Franganillo, líder de programas de Insights da ACE.

E isso não pode ficar apenas em um discurso bonito de uma empresa que quer parecer moderna. Mais do que defender essa ideia, o CEO precisa de fato acreditar na inovação. “Isso quer dizer que ele não irá mensurar projetos de inovação como faz com outros tradicionais. Ele não vai medir o sucesso de um projeto de inovação pelo retorno financeiro a curto prazo. Há um mindset que precisa ser mudado e isso parte da diretoria”, ressalta.

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Inovação envolve mudança

Colocando de uma maneira bem direta (e que nos deparamos constantemente): não é um simples curso de design thinking, por exemplo, que irá mudar toda uma mentalidade de uma empresa.

“A mudança de cultura envolve mudança de processos, de métricas, da forma com que os colaboradores são cobrados. Por exemplo: é preciso atrelar objetivos de inovação para oferecer os bônus, incentivando que os diretores de suas áreas tenham essa iniciativa. E que, aos poucos, isso envolva todas as áreas”, indica Franganillo.

Por outro lado, os parâmetros de cobrança também são diferentes. “Em vez de retorno financeiro a curto prazo, é mais importante avaliar se a solução está conseguindo resolver os problemas do cliente ou conseguindo criar canais de venda, gerando tração.”

E uma ideia inovadora que ao longo do tempo seja descartada pela empresa nunca pode ser olhada como um fracasso. Se a liderança fizer isso, o risco de desestimular as novas ideias dos colaboradores é enorme. “Ninguém vai se arriscar, porque se não der certo, vai ser pior para ele”, diz Franganillo.

Em resumo, é preciso tolerar o erro, o que não significa tolerar a falta de esforço ou um trabalho mal feito. “É aceitar que às vezes os projetos podem gerar lucro econômico e outras vezes podem gerar aprendizado.”

>> Leia mais: Como aplicar metodologias ágeis a sua corporação

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Usando os intraempreendedores

A partir do momento em que a diretoria está alinhada para implementar uma cultura de inovação na empresa, as barreiras começam a aparecer. E é importante sempre identificar os intraempreendedores e contar com eles para que a cultura seja disseminada.

Esse colaborador geralmente não tem medo do risco, e eles são os mais adequados para trabalhar em um primeiro projeto de inovação. A segunda medida é separar essa equipe do resto da empresa; se possível, até mesmo em um outro prédio”, sugere. Isso tudo para que essa equipe não se contamine com vícios e processos antigos que fazem parte da cultura estabelecida ali.

Nessa fase, há um período de estranhamento de colaboradores mais antigos, principalmente aqueles que sentem medo de perder alguma influência. “São pessoas que dizem: ‘não vai dar certo, aqui sempre se fez de outra forma e deu certo’.”

Quando a cultura de inovação passa a fluir em departamentos e áreas algumas pessoas que se mostraram reticentes passam a acreditar no projeto, mas pode haver resistência. “Se a cultura da empresa mudou e a pessoa realmente não quiser mudar, ela não está alinhada. Talvez seja preciso desliga-lá”, afirma Franganillo.

Inovação de baixo para cima?

Se é impossível estabelecer um mindset de inovação sem a anuência da diretoria, essa iniciativa pode sim partir de um nível intermediário, desde que o colaborador que idealize esse movimento tenha alguma entrada com os diretores e consiga levar a ideia para os líderes de uma maneira convincente.

“O melhor jeito de demonstrar isso para a diretoria é ter uma iniciativa de ‘quick wins’, de resultados rápidos, que não seja algo excessivamente ambicioso e nem muito disruptivo. Um projeto simples que consiga mostrar resultados a curto prazo e convencer a diretoria, com dados objetivos, que a inovação funciona e vale o investimento“, conclui o especialista da ACE.

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26 de julho de 2024 – São Paulo