* por Filipe Santos, fundador da Poppin
Sempre soubemos que empreender não seria fácil, mas desde o começo nos sentíamos bem preparados para essa tarefa. Digo isso porque eu, Filipe, e meu sócio, Guilherme, tínhamos nos formado recentemente em Marketing pela USP quando fundamos o Poppin.
Essa sensação ficou um pouco mais forte depois que começamos a ir em eventos para startups. Geralmente os temas abordados eram muito parecidos com o que vimos nos anos de faculdade, então não tinha nada de muito novo ali pra nós, além do contato com outros empreendedores e com o ecossistema em geral.
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Nesses eventos, conhecemos mais de perto o trabalho das aceleradoras e nos aplicamos em alguns processos para ver como seria. Mas sinceramente, não sentimos que aquilo era pra gente, principalmente pelo nosso modelo de negócio.
Acontece que o Poppin é um aplicativo de relacionamento, então nosso negócio é B2C e funciona como uma rede social. O problema é que esse modelo ainda não é muito comum no Brasil, o que faz com que as aceleradoras daqui foquem bastante em B2B e negócios mais estabelecidos no país.
Outro fator que nos desanimou nos outros processos seletivos que participamos foi a falta de pessoalidade na hora da entrevista. O contato era sempre muito frio, perguntas genéricas sobre o negócio, falta de profundidade no que era apresentado. Nós definitivamente não queríamos isso.
Até que um dia, através de uma indicação, fizemos a inscrição pro processo seletivo da ACE. Já tínhamos ouvido falar muito bem do método usado internamente, então resolvemos que seria legal participar. No pior dos casos, seria só mais um call que nem os outros.
Os primeiros contatos da Poppin com a ACE
Mas foi muito além disso. Nosso primeiro contato foi com o Arthur Garutti, COO da ACE, e de cara já sentimos uma grande diferença de abordagem. A conversa foi bem mais pessoal dessa vez, com perguntas assertivas sobre o nosso negócio e a profundidade que a gente esperava.
Pela primeira vez, parecia que alguém estava realmente interessado em entrar e entender o nosso mundo. Conseguimos apresentar tudo o que tínhamos feito até então. O Arthur gostou do que viu e passamos para a próxima fase.
Conforme fomos avançando no processo, conhecemos melhor a equipe da ACE e conseguimos perceber o grande diferencial deles: as pessoas. A qualidade da equipe foi o ponto-chave pra que quiséssemos seguir em frente e fazer a aceleração. Mas não dependia só da gente, né? Ainda bem que a ACE também nos quis!
O processo de aceleração
O Poppin entrou na turma 09 da ACE e foi a primeira startup B2C com de modelo de rede social a passar pela aceleradora, o que nos deixou muito contentes. Mas, ao mesmo tempo, veio a responsabilidade de mandar bem pra mostrar que nosso tipo de negócio tem espaço no Brasil.
Na época, tínhamos cerca de 200 mil usuários no aplicativo e nosso objetivo era pelo menos dobrar essa base. Como já tínhamos essa tração, entramos direto para a etapa de crescimento da aceleração.
Nosso braço direito nessa jornada foi o LG, que era o acelerador responsável pela nossa startup. Esse acompanhamento próximo foi muito importante para a nossa evolução e reforçou a ideia de que a ACE realmente veste a camisa dos negócios que passam por lá.
Já no primeiro mês, percebemos um salto grande, não de usuários no app, mas na nossa mentalidade como empreendedores. Isso não foi à toa, a aceleração nos trouxe um conjunto de ferramentas novas para que pudéssemos evoluir mais e mais rapidamente.
A primeira dessas ferramentas é o contato constante com as outras startups e com o ecossistema todo. Trabalhar ao lado de pessoas que tem uma missão parecida com a sua é uma coisa que te puxa pra cima, sangue no olho mesmo. Além disso, apesar de serem negócios totalmente diferentes do seu, todos tem um aprendizado em comum: como ser uma empresa.
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Isto é, cada startup tinha suas particularidades, mas na hora de aprender como estruturar um negócio sempre apareciam dúvidas e obstáculos parecidos. Ter ao seu lado pessoas que estão passando ou já passaram pelas mesmas etapas, nos ajudou muito a ganhar velocidade na resolução de problemas.
Outra ferramenta que a ACE nos trouxe – e talvez a nossa preferida – é a rede de mentores. Não importa qual a mentoria, o LG sempre dava um jeito de nos conectar com alguém! Aproveitamos muito bem essa chance e nos orgulhamos muito do Poppin ser a startup que mais fez mentorias durante a aceleração.
O poder da metodologia
O mais legal é que aquela sensação que tivemos com o Arthur no nosso primeiro call se estendeu pra todos os mentores. É realmente incrível poder contar com pessoas de expertises diferentes, sabendo que elas estão dispondo um tempo do dia delas pra entender seu negócio e te ajudar com novos insights!
E claro, a metodologia da ACE foi essencial pra nos guiar durante o processo. Se a faculdade nos preparou bem no ponto de vista teórico, a aceleração foi importante para desenvolvermos nosso potencial prático. Desde como estruturar a operação de uma empresa, até o treinamento de pitch para investidores, a nossa lista de aprendizados vai longe.
Inclusive, o treinamento de pitch deu tão certo pro Poppin que acabamos de passar pela nossa segunda rodada de investimentos. Apresentamos nosso negócio até no Shark Tank Brasil, uma experiência e tanto que foi contada com mais detalhes no nosso blog!
Os resultados da aceleração
No final desses 6 meses de aceleração, as grandes lições que ficaram pra nós foram principalmente: a mentalidade voltada para testes, que nos permitiu ganhar velocidade em praticamente todas as áreas da empresa; e também o foco absoluto nas métricas principais para o nosso negócio.
Com isso, evoluímos bastante os dois motores que iam alavancar nosso crescimento: o desenvolvimento de produto, a fim de torná-lo mais viral e aumentar o nosso crescimento orgânico, e a área de parcerias, que era a nossa maior fonte de downloads qualificados. Com isso, foi possível concretizar nosso objetivo inicial da aceleração.
No final desse período, o Poppin saiu de 200 mil usuários para 425 mil, conseguindo mais do que dobrar a base de usuários. Além disso, saímos de 1350 parcerias fechadas com eventos para 2900. Sabemos da importância que a ACE teve nessa evolução e, se a gente pudesse mudar alguma coisa nesse processo todo, só queríamos ter começado na etapa de validação para aproveitar ainda mais essa experiência!