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Como escolher investidor certo para a sua startup?

Bons empreendedores escolhem os seus próximos sócios, sejam eles fundos de VC, investidores-anjos, aceleradoras ou corporate ventures. Saiba fazer a due diligence.

como analisar o investidor para sua startup
Photo by Charles Deluvio on Unsplash

Se a sua startup quer levantar capital, certamente irá passar por um processo de screening, análise de oportunidade e due diligence por parte de investidores. Se um potencial investidor tem uma metodologia regrada para analisar a sua empresa, por que você não teria o mesmo cuidado para escolher o seu próximo sócio?

Escolher quem são os melhores candidatos a entrarem no seu cap table deve ser uma missão fundamental para empreendedores, quer você esteja ainda criando a sua hitlist de potenciais investidores com maiores sinergias até na situação hipotética de se encontrar com mais de um term sheet na mesa.

O investimento em startups tanto globalmente quanto no Brasil está estruturalmente em ascensão (mesmo diante de receios por conta da crise durante e após o COVID-19). De acordo com dados da LAVCA (Latin American Venture Capital Association) e da Distrito Dataminer, o tanto o número de delas quanto o capital aportado quadruplicaram desde 2016 – chegando a USD 2,7 bilhões apenas em 2019.

Portanto, ainda a se pesarem os efeitos macroeconômicos, dinheiro não tende a ser um problema no ecossistema brasileiro – especialmente em Early Stage, onde se concentra o maior volume de players (a imagem abaixo ilustra um pouco da concentração, e não conta com os investidores anjo individuais nem com os corporate ventures).

Alguns se posicionam como uma alternativa mais hands-off (“We give you Money and get out of the way”, diz a Canary em seu site), outros de maneira mais hands-on (como a ACE, que entra junto com os empreendedores para impactar positivamente de maneira integral em seu negócio).

Independente da atuação que você julgar mais adequada à sua empresa, a promessa de “Smart Money” e de conexões estratégicas tem se tornado um padrão para parte de muitos investidores. O que você precisa saber é se a reputação e a aplicação na prática apontam para a probabilidade de se cumprir a promessa, para fugir de um deal enviesado e com expectativas frustradas.

Existem diversos métodos para se fazer a due diligence e investigar quem será o seu futuro sócio, seja ele investidor-anjo, grupo de anjos, fundo de venture capital, corporate venture ou aceleradoras.

Um bom empreendedor irá ser meticuloso no processo de investigação, e conseguirá ler quais são os players com maior potencial de alavancar os seus resultados, suprir suas dificuldades e trazer maior potencial para o negócio.

Como analisar o investidor

analisando o investidor da sua startup
Photo by Austin Distel on Unsplash

A diligência recomendada de um investidor começa na análise do track record deste investidor. Em quantas empresas investiu? Como estão essas startups? Quais e quantos exits ou rounds subsequentes?

Venture Capital é um negócio de longo prazo, e quanto maior o track record e tempo de experiência, maior a chance deste potencial investidor já ter aprendido mais sobre o mercado – e maior o potencial de retorno.

Isso não exclui players que estão há menos tempo investindo, mas acumulam experiência de outras formas.

A experiência acumulada dos profissionais dentro de uma instituição (fundos de VC, grupos de anjos, aceleradoras, etc) também deve contar: veja o que as pessoas envolvidas trazem de repertório e bagagem profissional, e se suas competências encaixam nas demandas de crescimento a sua startup.

Bem como os potenciais benefícios da especialização no setor de atuação da sua startup, há a hipótese de quanto maior a diversidade de backgrounds e complementariedade de competências entre os integrantes, maior a chance de você ter todas as bases cobertas.

Além da experiência profissional e investidora prévia destes, pergunte o envolvimento deles com a operação da instituição e também do envolvimento direto com a sua startup – você quer limpar aqui quem são as figuras “ilustrativas” de quem está imediatamente à disposição para ajudar.

Ver quais são os outros investidores ligados a essa entidade que você está observando também faz sentido: se um player tem maior ligação, relacionamento ou co-investimento com os fundos late-stage que você procura, talvez ele seja uma boa porta de entrada.

A análise de track record deve superar apenas o desk research, a leitura dos números e tempo de mercado. Encontre algumas startups do portfolio deste investidor e ativamente entre em contato com os founders.

Pergunte como é o relacionamento com o investidor, a governança proposta, o quanto ele ajuda de maneira estratégica ou no dia-a-dia, quais são as maiores vantagens e desvantagens, e o que mais precisar saber.

Além disso, alinhe os interesses: uma conversa franca e aberta com o investidor também para entender o que ele pretende a partir de um aporte. Saber se a expectativa deste player é um early exit ou um unicórnio, por exemplo, evita a frustração em caso de um outcome ou visão diferente no futuro.

Observar o que esse investidor produz de conteúdo profundo e relevante sobre o seu mercado e atuação também pode ter uma correlação positiva com o capital intelectual deste e podem referenciar o thought leadership no setor.

Framework 5T: como um investidor avalia uma startup?

 

Há também um conjunto de análises específicas a depender do seu estágio e do tipo de investidor que você procura. Veja quais:

Fundos de Venture Capital

Quando se analisa fundos de investimento em venture capital, há algumas considerações adicionais a serem levantadas, além das já colocadas anteriormente, como o timing do fundo e a quantidade de alocação disponível.

Fundos funcionam da seguinte maneira: General Partners (GPs) são os administradores daquele veículo, que por sua vez também arrecada dinheiro dos Limited Partners (LPs), geralmente investidores institucionais, family offices, fundos de pensão ou outros players, com a premissa de retornar um capital superior em um espaço X de tempo – como qualquer outra aplicação financeira.

Usualmente esse tempo é de 10 anos entre a constituição do fundo e o desinvestimento, prorrogáveis por mais 2 anos. A maturidade do fundo é relevante para entender os incentivos por parte de seus integrantes.

Um fundo “novo”, em seus primeiros anos de alocação de capital, pode ter mais paciência para ver um ativo performar do que um fundo “velho” (com mais de 5 anos de vida, por exemplo), que irá ter mais pressa para desinvestir.

A quantidade de capital disponível irá direcionar o apetite do fundo em fazer follow-on, participar de round subsequente (o que é uma boa sinalização para futuros investidores) ou mesmo ajudar com um bridge caso aconteça algum imprevisto no meio do caminho.

Investidores Anjo

Quando falamos de investidores-anjo, o profissionalismo deste ao investir faz a diferença. Seja sozinho ou acompanhado de grupos de anjos (como Anjos do Brasil, GV Angels, Curitiba Angels e muitos outros), conhecimento prévio pode pesar positivamente a favor.

Este layer de conhecimento específico na classe de ativos ajuda na discussão de valuation, tamanho da rodada, e cláusulas. Veja também a reputação do investidor.

Marinheiros de primeira viagem ou sem a assessoria necessária podem incorrer em deals estranhos ou fora do padrão, seja por viés cognitivo, inexperiência, inocência, desconhecimento ou ganância. Erros estes que players que estão a mais tempo no mercado ou acompanhados de especialistas poderão evitar.

Como se tornar um Investidor Anjo?

Corporate Venture

Mais de 23% do volume de dinheiro investido em venture capital nos últimos 2 anos é oriundo de corporate venture capital – quando uma empresa investe em uma startup. Há mais de 100 programas de aproximação entre empresas e startups no Brasil, de acordo com a pesquisa ACE sobre Corporate Venture [link].

Quando há uma grande corporação interessada em investir em startups, seja direto de seu bolso institucional ou por meio de algum veículo de investimento ou programa de aproximação, também é necessário apurar algumas informações para se fazer o melhor negócio.

O primeiro a se analisar é o real interesse por trás daquele cheque, e qual é o histórico daquele braço de corporate venture.

Se o interesse da empresa for mais estratégico, sua startup possivelmente terá uma chance maior de ser adquirida no futuro por meio de M&A (merger and acquisition) para a própria companhia investidora.

Isso acontece especialmente quando o CV é o líder das rodadas – quando ele acompanha algum fundo ou outro investidor, a probabilidade de se seguir em uma linha “venture capital” é maior

Qual a melhor rota para a minha startup?

Você também precisa analisar como que essa empresa pode alavancar a sua operação, e isso pode acontecer de diversas formas,

– A corporação se tornar um cliente (e utilizar o seu produto ou serviços para melhorar a eficiência operacional);

– Um parceiro comercial (e distribuir sua oferta para a base existente de clientes da companhia);

– Ou acoplar o seu produto diretamente à oferta principal da própria empresa.

Nos casos de corporate venture, também é importante você analisar qualquer experiência daquela companhia ao investir em startups, tanto de maneira independente quanto se ela tem algum parceiro mais experiente para auxiliar na tomada de decisão e operação do veículo de investimento.

Essa experiência e profissionalismo são refletidos nos deals (desde o valuation e negociação até especialmente as cláusulas propostas). Leia atentamente para ver descolamentos entre o que é padrão e o que é estranho ao contrato tradicional de VC, como cláusulas de exclusividade ou vetos extensos.

Corporate Venture Capital: o que é e quais os benefícios?

Faça a lição de casa

Se investidores fazem uma boa lição de casa para escolher os founders, o oposto também deve ser verdadeiro.

Escolher um investidor precisa ser feito com extrema responsabilidade – o founder está em última análise escolhendo os seus novos sócios. Quanto mais detalhada e consistente for a sua diligência, melhor será a sua escolha de investidor. 

 

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