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O cenário de Venture Capital no Brasil – O que esperar para 2020?

Feliz em estrear no blog da ACE para falar de Venture Capital e ajudar empreendedores a entenderem como navegar melhor nesse mercado para levantar recursos para seus negócios. Para começar, gostaria de falar sobre a minha percepção do cenário atual do mercado de Venture Capital hoje no Brasil e o que podemos esperar para 2020. 

Uma breve introdução

Recentemente a LAVCA(Latin America Venture Capital Association) publicou os números de investimento de Venture Capital na região em 2019. De 2016 a 2019 o número de investimento em Venture Capital na América Latina cresceu 9x, atingindo US$ 4,6 bilhões, sendo metade deste valor investido em Startups brasileiras.

Grande parte desse crescimento ocorreu devido a 11 mega rodadas de mais de US$ 100 milhões sendo dessas, 10 contaram com a participação do fundo bilionário do Softbank – a única mega rodada que não contou com o banco Japonês foi a do NuBank .

No Brasil, alguns destaques foram: 

  • O Brasil continua como o grande mercado da América Latina, em 2019, representando mais da metade dos investimentos da região e, ainda, apresentando forte crescimento, quase dobrando o valor investido em relação a 2018 – de US$ 1,3 bilhões para US$ 2,5 bilhões.
  • O lançamento e início de investimento por meio de Venture Debt, da Brazil Venture Debt e da a55. 

 

O crescimento no número de novos fundos e gestores de Venture Capital ativos no país como Maya Capital, Caravela Capital, Norte Ventures, HARDS, além de novos fundos de gestores mais antigos como Canary, Domo, Redpoint entre outros

venture capital america latina

Minhas expectativas para atividade de Venture Capital em 2020.

Funding para cheques maiores irá diminuir

Diante das incertezas do mercado global em razão da Crise COVID-19, a liquidez – ter o dinheiro em caixa – se tornou muito importante para os investidores. No curto prazo, investir em mercado aberto, como ações de empresa na bolsa ou títulos públicos, se torna mais interessante quando comparado ao investimento em empresas privadas. Isso ocorre porque é possível trocar um ativo e reposicionar seu portfolio ante aos riscos do momento em apenas um trade. Ao mesmo tempo, as empresas de tecnologia da bolsa americana vêm performando melhor que o resto do mercado, o que vem chamando a atenção do mercado financeiro mais tradicional.

Mas ao mesmo tempo que a crise traz a urgência por liquidez e controle de riscos, ela trouxe a urgência por transformação digital pela grandes empresas, e essa última será a que que deverá guiar os negócios por mais tempo, o que é positivo para o mercado de tecnologia e de investimento em startups.

Transformação Digital é um fenômeno passageiro?

No mercado de Venture Capital não é muito diferente, há ainda muitas incertezas que fica difícil de falar sobre valuation e precificação de rodadas nesse momento já que não se sabe quando vão reabrir comércios, como será a reabertura e o quanto alguns mercados serão afetados ou retomarão a patamares de viabilidade. Por isso a alta seletividade e precaução do investidor de Venture Capital no momento.

Outros fatores que entram na conta e ajudam a desacelerar a atividade de fundos venture capital é que o foco para ajudar suas empresas investidas em seu portfolio a repensar e gerir os novos cenários, e a dificuldade de encontro e visitas pessoais para fechar novos negócios de investimento. 

Ainda combinado com a esperada menor atividade dos fundos do Softbank na região, em razão de terem concluído os seus investimentos, o montante de investimentos privados em late stage, ou seja pós rodadas Series A, deverá reduzir e, por isso, acredito que o valor investido por Venture Capital em 2020 na América Latina não irá superar os valores de 2019.

Oportunidade para novos negócios e investidores anjo e seed

Por outro lado, acredito que é um momento de oportunidade para investidores em estágio pré-Product/Market Fit (Anjos, MicroVCs e Seed). Com o aumento do desemprego, o momento de isolamento e a oportunidade de novos negócios gerado pelo ‘novo normal’, devemos ter um aumento no número de empreendedores construindo novas soluções que endereçam novos problemas. 

O processo de fundraising no estágio Seed

Isso não exclui o fato de muitas Startups que estão entrando no Vale da Morte das Startups terão muita dificuldade de levantar próximas rodadas, que devem segurar o seu caixa e reavaliar se seu produto está pronto para se aproveitar a retomada e da mudança de comportamento da sociedade.

Com o dólar alto no maior patamar histórico e a taxa de juros no menor patamar histórico o investidor brasileiro não tem muito caminho para buscar rentabilidade no Brasil que não seja em ativos de risco. E, para diluir um o seu risco, o melhor caminho é diversificar, portanto investir em Startups é uma classe ativo que deve constar em uma carteira. 

Apesar do cenário incerto, sigo positivo quanto ao futuro, e os novos negócios e os novos investidores que inteligentemente conseguirão gerar valor a partir dessa mudança como sociedade. Apesar das dificuldades, tecnologia é um dos setores mais resilientes, e acho que o ecossistema passará bem por essa crise mais forte, assim como aconteceu nas últimas crises globais.

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