Debate, troca de conhecimentos e aprendizado como base para inovação corporativa. Esta é a ideia por trás do Brasil Ventures.
O maior grupo de discussão da América Latina sobre Corporate Venturing se reuniu na última quinta-feira (18) no ACE Campus, em São Paulo.
As atrações desta edição foram o case da Braskem “Dois anos em sete dias” e os pitchs das startups N2B e FindMe.
O evento é realizado pela Melhor Aceleradora de Startups da América Latina em conjunto com o StartSe e a TozziniFreire Advogados.
Dois anos em sete dias
“Sempre trabalhamos com parcerias, buscando encurtar o tempo, complementar nossas competências e economizar recursos”, afirmou Rafael Navarro, responsável por Gestão da Inovação e do Conhecimento da Braskem.
E foi com esta mentalidade que surgiu a parceria com a ACE para um programa de aceleração interno, feito por meio do Innovatio Sprint, metodologia proprietária da ACE Corp - braço da ACE dedicado a ajudar grandes empresas a inovarem.
A ação foi realizada em um projeto de desenvolvimento de um polímero inteligente, inicialmente pensado para o setor alimentício.
O objetivo principal era encontrar um caminho de mercado para o novo produto que orientasse a pesquisa.
E, segundo Rafael, a implementação de métodos ágeis aconteceu com base em “3 P’s e 1 T”:
PROCESSO
Passaram de um processo tradicional, que envolve reuniões com possíveis interessados e pesquisas de mercado, por exemplo, para uma metodologia mais direta: identificar a dor, propor uma solução e validar.
O time da Braskem foi para a rua conversar com as pessoas e percebeu que o projeto precisaria de uma guinada.
“Fizemos uma descoberta grande: quando fomos para a rua, descobrimos que a dor estava em outro lugar”, explicou.
Assim, foi definido um caminho mais assertivo na área de cosméticos.
PESSOAS
Inicialmente, o projeto envolvia colaboradores da Braskem, das áreas de Gestão de Projetos e Desenvolvimento de Mercado, e parceiros externos de pesquisa.
Com a aceleração, foi montada uma equipe interna de oito pessoas, incluindo pesquisadores científicos de polímeros e profissionais de Gestão da Inovação e Desenvolvimento de Mercado.
“A multidisciplinaridade do time fez uma diferença brutal, com mais conhecimentos para testar o produto”, resumiu Rafael.
PROJETO
O escopo de trabalho foi reduzido de nove itens para apenas dois: Mercado / Parceiros e Legislação.
TEMPO
O prazo estimado inicialmente era de quatro meses. Foi diminuído para 5 dias para Mercado / Parceiros e 3 a 4 semanas para Legislação.
Mudança de Mindset
Rafael e os demais presentes, então, conversaram sobre a dificuldade de implementar métodos ágeis em grandes empresas.
As principais barreiras são a zona de conforto do “não sei fazer” ou “não tenho tempo” e até mesmo o status, a resistência para aceitar aprender outras metodologias.
“Começaram a sair coisas novas, muito interessantes, que nem sempre cabiam na Braskem”, disse Rafael.
Isso fez a empresa, inclusive, pensar em como vai encarar o intraempreendedorismo.
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Para o representante da Braskem, os principais aprendizados da aceleração foram:
- Mudança de mindset - você pode ir e fazer, experimentar;
- Muita coisa pode parecer não-aplicável, mas é, com ajustes, mudanças de ponto de vista;
- Seu dia fica muito mais produtivo;
- Sair e pesquisar faz você sentir o cliente, a entonação. É diferente de “sim” ou “não”. Faz você ter mais propriedade sobre o assunto.
Novas ideias e networking
“Esse tipo de debate e discussão é fundamental, para colocarmos as ideias e começar a trazer inovação para as empresas, gerar valor. Este é o grande ganho”, definiu Vinícius Scaramel, gerente de Inovação da InterCement.
A empresa já está na terceira turma de aceleração junto com a ACE, Além disso, busca constantemente parceria com outros setores da Construção Civil para alavancar um mercado que adota pouca tecnologia e tem poucas startups atuando.
Vinícius falou da importância das experiências compartilhadas durante o Brasil Ventures e da oportunidade de networking que os encontros oferecem.
“Isso faz parte da inovação: entender o que está acontecendo em outras indústrias e tentar adaptar as ideias para o setor no qual estamos atuando”, explicou.
“Quanto mais fora da sua zona de conforto, mais insumos você vai trazer para adaptar e trazer para sua realidade”, concluiu.