Colocar um novo produto no mercado e chegar a um público diferente do que uma empresa está acostumada a trabalhar, é um processo que poderia demorar até alguns anos para qualquer empresa tradicional – e talvez fosse abandonado no meio do caminho, com a chegada de concorrentes mais eficientes e preparados para lidar com os desafios de inovação. Para a Leo Madeiras, maior distribuidora de insumos para marcenaria, indústria de móveis e construção seca do Brasil, foram necessários apenas 10 meses trabalhando com a estratégia de intraempreendedorismo.
O Processo
Fundada em 1943, a Leo Madeiras conta com mais de 70 lojas em todas as regiões do Brasil e é uma forte referência para a indústria moveleira e profissionais de marcenaria. Em 2017, o objetivo passou a ser também aumentar presença junto ao consumidor final. Foi daí que nasceu a Leo Indica, plataforma que conecta marceneiros a clientes e garante o acompanhamento e a realização de uma compra segura.
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Para desenvolver uma nova forma de atuação no mercado em tão pouco tempo, o time da Leo Madeiras não precisou recorrer a nenhuma mágica ou fórmula milagrosa. Na verdade, o que contribuiu para que os objetivos fossem atingidos de forma tão mais rápida foi o entendimento de que uma nova forma de trabalhar e enxergar a inovação poderia trazer os resultados de maneira mais rápida e efetiva: o intraempreendedorismo.
Antes de chegar a essa conclusão, porém, os responsáveis pelo projeto tentavam investir em um desenvolvimento que seguisse os padrões tradicionais do mercado. Segundo Fernanda Canal, gerente de projetos de inovação da Leo Madeiras e responsável pelos primeiros passos da Leo Indica:
“ESTAVA INSATISFEITA COM AS POSSIBILIDADES QUANDO COMECEI A PESQUISAR A FORMA COMO AS STARTUPS TRABALHAVAM”
A insatisfação e a busca por um novo modelo fez com que Fernanda buscasse ajuda. “Comecei a olhar quem no mercado poderia me ajudar e logo me deparei com a ACE.” Já na primeira reunião, ela passou por uma espécie de choque de realidade.
Ao ser questionada sobre quantos clientes já havia ouvido, Fernanda começou a apresentar os números obtidos através de institutos de pesquisa. “Mal terminei de falar e perguntaram com quantos potenciais clientes eu já tinha tido uma conversa cara a cara”, afirma. “Foi ai que me toquei que ainda não tinha falado com ninguém que pudesse ser um comprador da nova solução que vínhamos pensando.”
O que faltava para o projeto da Leo Madeiras era um dos fatores que mais diferencia startups de sucesso das que não vão muito longe: a validação. Para Pedro Waengertner, CEO da ACE:
“À PRIMEIRA VISTA, TUDO O QUE A FERNANDA FALAVA PARECIA FAZER SENTIDO. MAS SÓ OS POTENCIAIS CLIENTES É QUE PODERIAM NOS DAR A CERTEZA DE QUE AQUELA ERA MESMO UMA SOLUÇÃO DEMANDADA PELO MERCADO”
Conquistando toda a empresa
Na saída da reunião com a ACE, Fernanda tinha a certeza de que precisaria passar por um processo muito semelhante ao das startups em aceleração para otimizar tempo e recursos na abertura do novo mercado. “Já tinha entendido o novo caminho a ser seguido, mas vi na ACE um apoio não só metodológico, mas também a conquista de aliados que me ajudassem a levar esse novo modo de pensar para dentro da empresa”, diz Fernanda.
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E, como o esperado, os resultados da nova plataforma têm sido o maior chamariz para que o intraempreendedorismo ganhe mais adeptos na empresa. Como disse a Fernanda, “conseguimos tirar algo do zero de forma bastante enxuta, sem investimentos astronômicos em tecnologia ou na contratação de mais gente para o time”.
Nos primeiros meses, Fernanda trabalhou sozinha na estruturação da Leo Indica. Só após a validação, foram trazidos reforços para o time. “Muita gente acha que fui para a ACE aprender sobre tecnologia, mas não é isso”, diz.
“A GRANDE VANTAGEM DESTE PROCESSO SÃO OS ENSINAMENTOS SOBRE UMA NOVA FORMA DE PENSAR E FAZER”
A combinação entre baixo investimento para tirar o projeto do papel e o alto potencial de retorno apresentado por ele tem feito com que a nova forma de pensar comece a se espalhar por toda a estrutura da empresa. “Conforme mostramos os resultados, outras áreas se interessaram pelo modelo e agora vamos começar a aplicar em vários projetos.”
E o caso da Leo Madeiras não é isolado. “Não importa a idade ou o tamanho da empresa: quando alguém lá dentro descobre que é possível ser muito mais inovador com bem menos tempo e recursos do que as pessoas estão acostumadas, as barreiras comuns à inovação vão sendo derrubadas uma a uma”, afirma Pedro.
“12 razões para um projeto de intraempreendedorismo não decolar dentro da grande empresa”
- Não calibrar a definição de sucesso no início do programa
- Não definir a governança ou ter excesso de níveis de aprovação
- Falta de sponsor com influência
- Buscar emular o tempo todo os ambientes cool de inovação
- Apaixonar-se em demasia pelos métodos
- Ansiedade por resultados financeiros nos 12 primeiros meses
- Acreditar que todo método que não seja lean não funciona para inovar
- Perfil pessoal do líder do projeto
- Paixão insuficiente
- Auto-sabotar a dedicação ao projeto
- Não dar a cadência de que uma startup necessita
- Não dar a cara a tapa no nível necessário