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Transformação Digital na vida real

Por Luís Gustavo Lima, Partner ACE

A revista Fortune perguntou aos principais CEOs americanos, como estão lidando com os impactos do COVID-19 e o que prevêem pela frente. Pode imaginar qual foi um dos principais efeitos citados? Para 75% deles, a aceleração da Transformação Digital.

De grandes empresas de tecnologia à consultorias estratégicas, ouvimos nos últimos anos a dupla de palavras Transformação Digital ser citada em palestras, workshops e reuniões de trabalho. “Todo mundo vai precisar passar por isso, não tem jeito!”, gritavam aos montes. 

Transformação Digital no presente

Agora, a situação mudou. Já não devemos mais usar o verbo no futuro, mas sim no presente: “Todo mundo precisa passar por isso, não tem jeito!”. Inclusive, passado o buzz, virou senso comum que toda e qualquer empresa operante precisa ser e estar no digital, de uma forma ou de outra. 

Já parou para pensar (e calcular), parafraseando o texto do Rabino Nilton Bonder na peça A Alma Imoral, “quantos de nossos esforços e sacrifícios são, na verdade, ‘oferendas’ ao nada?”.  

Quantos projetos não avançaram por questões políticas? Quantas iniciativas fizeram mais barulho do que trouxeram resultados reais? Quantos Planos de Negócios aprovados retornaram para prestar contas das projeções versus dados realizados? Quantas consultorias foram contratadas e que, no final das contas, não deram os resultados esperados?

Transformação Digital é um fenômeno passageiro?

Ter um parceiro no processo, é essencial

Sozinho é muito difícil mesmo, para não dizer impossível, transformar toda a organização. Agora, uma coisa é pagar alguns milhões para receber um compilado de slides bonitos, com um plano estratégico baseado em referências que, na maior parte das vezes, resulta em ações top down na organização. Outra, complementamente diferente, é ter um parceiro comprometido também com a execução, com a pele em jogo (skin in the game, como tem dito Nassin Taleb), compartilhando as dores e delícias do dia a dia da operação com um único objetivo: gerar valor para os clientes.

Independentemente do caminho que escolha seguir, fato é que a imprevisibilidade agora é o novo normal. É necessário um novo modelo mental para pensar o negócio e a transformação digital é uma necessidade imediata. Ou seja, na prática, precisamos tornar nossas empresas mais adaptáveis, ágeis e flexíveis, tendo o cliente no centro como princípio fundamental. 

O perfil do CEO no Novo Normal – e tudo que ele precisa saber

skin in the game ACE

Principais aprendizados na Transformação Digital

Alguns aprendizados da vida real que podem ajudar nesse processo:

 

  • É o momento de reforçar a necessidade de acelerar a adaptação do modelo de trabalho dos funcionários à uma cultura mais digital da empresa. Cuidar da jornada do colaborador em todos os pontos de contato, da mesma forma que deve fazer com os clientes. Se, da perspectiva do negócio, o princípio fundamental é customer centric, do lado do RH é colocar (de verdade!) o colaborador no centro. Da atração, recrutamento e seleção ao sistema de avaliação de performance e promoção. Ter uma política de remuneração, benefícios e plano de desenvolvimento individual, continua sendo muito importante, no entanto, é preciso ir além e conhecer verdadeiramente os colaboradores, seus valores, sentimentos e expectativas. A partir disso, garantir um ambiente de trabalho agradável, com infraestrutura adequada (seja no espaço físico ou em home office), com ferramentas que maximizem a produtividade, mantendo a comunicação transparente e constante, e acima de tudo, tendo uma liderança cada vez mais humanizada e justa, que busca, com humildade, o diálogo, bom senso e a promoção da segurança psicológica, além de estimular a diversidade, a criatividade e a inovação.

 

  • Processos ágeis aceleram o descobrimento e compreensão dos problemas (suas ofertas estão adaptadas ao novo cenário, em termos de proposta de valor, preço e modelo de negócio?), e olham para as soluções práticas e inovadoras, com um novo jeito de fazer, de trabalhar e se relacionar com o colaborador e cliente. 

 

  • Visão matricial leva a falta de conhecimento sobre o funcionamento integrado entre TI e as áreas de Negócios. Nesse sentido, considere uma avaliação de maturidade (Negócio, Cultura, Técnico e Design Organizacional), com aprofundamento técnico de Arquitetura Enterprise e Sistemas.

 

  • Um sistema multinível de mentores ajuda a garantir o alinhamento estratégico e protege pequenas iniciativas de transformação. As mudanças são evolutivas, na qual rotinas de acompanhamento garantem planejamento e revisão frequentes das entregas com consistência. 

 

  • Novas habilidades e competências são necessárias nesse novo contexto, é de extrema relevância a capacitação e desenvolvimento dos profissionais, em todos os níveis. Considere temas como metodologias ágeis e lean, liderança remota, transparência e franqueza nos feedbacks, segurança psicológica, inteligência emocional e espiritual, saúde mental, criatividade, colaboração, mindset de startup, intraempreendedorismo, novos modelos de negócios, cultura de experimentos e de inovação.

 

Como diz o ditado popular: “na prática, a teoria é outra”. 

50 semanas em 5

O desafio de transformar a empresa é gigante. Demanda muita energia para mexer nas estruturas das áreas, nos processos, na forma de trabalho e até nos produtos e serviços, portanto, no modus operandi. Também não acontece do dia para a noite, infelizmente. Demanda tempo, consistência e aprendizado contínuo. 

Em comunicado para investidores sobre os resultados do primeiro trimestre do ano, Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, mostrou um slide que chamou bastante a atenção, com o título “50 semanas em 5”. 

Basicamente, explicou como foi lançar em meio à pandemia uma política de home office, campanha de frete grátis, plataforma parceiro Magalu, implementação do cartão de débito virtual da Caixa e uma parceria com o Sebrae para apoiar vendedores do marketplace.

Se não for o maior, certamente o Magalu é um dos principais cases de transformação digital do Brasil. Em 2011 criou o laboratório de inovação LuizaLabs, onde passou a aprender a trabalhar de forma ágil, rodando experimentos e digitalizando processos, além de, em paralelo, investir e desenvolver sua plataforma de comércio eletrônico.

Nove anos depois, as vendas nos canais digitais já representam 53% das vendas totais da companhia e o marketplace passou a representar cerca de 30% do e-commerce total. Sua operação digital é composta pelo site, aplicativo, marketplace (no qual terceiros podem vender produtos na empresa), Netshoes, Zattini, Época Cosméticos e Estante Virtual.

Por conta desses resultados mesmo em meio à crise do coronavírus, a empresa se valorizou ainda mais na bolsa e ultrapassou R$ 100 bilhões em valor de mercado.

O momento exige novas atitudes, mais do que se adaptar rápido às mudanças é preciso agir rápido. A hora de mudar é agora, principalmente porque leva tempo. 

 

ace cortex

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