Na jornada de fundraising de uma startup, um dos primeiros estágios de maturidade e de investimento é o que chamamos de Seed Stage – ou, a fase do capital semente. Esta etapa é crucial na jornada de um empreendedor. Nela, ele tem a missão de comprovar que, além de ter encontrado uma solução para um problema (problem-solution fit), o seu produto está adequado às demandas do mercado (product-market fit, onde costumam entrar os investidores institucionais).
Existem algumas teorias que subdividem o estágio Seed em vários micro-estágios, como Pre-Seed. Mas na ACE consideramos todos os aportes pre-Series A como Seed. Um empreendedor pode buscar capital desde investidores anjo, aceleradoras, empresas de investimento, e até fundos VC mais tradicionais.
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O Seed Stage no Brasil dificilmente ocorre em uma única rodada. Em geral, é mais comum que uma startup necessite de três a quatro rodadas de capital-semente antes de chegar a uma Série A. Uma jornada típica neste estágio não foge muito dos passos abaixo:
Problem-Solution Fit e o primeiro aporte:
Os founders utilizam de capital próprio e capital de amigos/familiares (FFFs). Muitas vezes eles atuam como anjos, para encontrarem o problema ao qual resolvem e criarem o MVP (Mìnimo Produto Viável). Após a validação exploratória e das primeiras vendas, iniciam um processo de captação um pouco mais profissional para validar o go-to-market (Market-fit).
A equipe precisa crescer, em especial o time de produto e pessoal para o front comercial (retenção de early adopters/CS) . O primeiro deck é montado e o foco são alguns grupos de anjos, aceleradoras e até plataformas de equity crowdfunding.
Por ainda estarem em um estágio inicial, é comum que as premissas de Problem-Solution fit “caiam por terra”, e uma (ou mais) pivots acontecem após este primeiro investimento profissional ocorrer.
Dores de crescimento vs. funding: o bridge
À medida que as vendas aumentam, o churn também aumenta consideravelmente. O caixa começa a encurtar. Alguns profissionais contratados não mostram fit cultural, são demitidos e áreas de vendas e produto precisam ser remontadas do zero.
O runway encurta, mas ao mesmo tempo as incertezas vão sendo reduzidas. Novos nichos são encontrados e features de produto são constantemente iteradas com usuários. Novas convicções são criadas, alguns investidores da rodada anterior fazem follow-on, e outros anjos e alguns fundos especializados em capital-semente passam a compor a estrutura do Cap Table;
Após diversas conversas deste novo roadshow, algumas startups entendem que falta uma “pernada final” para demonstrar o Product-Market fit (Problem Solution Fit + Market Fit) com fatos e dados.
É neste momento que alguns empreendedores realizam uma nova rodada com investidores-anjo e fundos de capital-semente para esta fase, também chamada de investimento-ponte (bridge) até a Série A.
Obviamente que generalizar a jornada acima seria bastante leviano.
Em alguns casos o empreendedor consegue pular alguns pivots e acelerar o seu processo de Market Fit com uma ou duas rodadas, atingindo uma Série A com uma “queima” de capital (burn rate) mais eficiente e com menor diluição.