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O mundo não vai parar para você descer. Como encarar o avanço das tecnologias?

O footnote do meu último artigo serve aqui de introdução. Assim começo, por onde terminei. O tempo de vida médio de uma empresa listada no S&P 500 foi de 67 anos em 1920 para 15 anos nos dias de hoje. 5 Mbytes em 1956 custavam U$120.000, 128 Mbytes em 2005 custavam U$99 e 128 Gbytes (1000x mais!) em 2014 custavam os mesmos U$99. A tecnologia 3G dos celulares implementada em 2001 oferecia uma banda de Internet de 384Kbps, a 4G em 2009 oferecia 100 Mbps e a 5G que está chegando irá oferecer 10Gbps (100x mais veloz que a 4G!). Por último, nos próximos 5 anos veremos o números de indivíduos conectados subindo de 1.5 bilhões para 4.5 bilhões pois 3 bilhões de pessoas que nunca tiveram um celular em mãos estarão adquirindo um smartphone.

Os ciclos cada vez mais curtos dos negócios, o crescimento exponencial de memória, de capacidade de processamento, de velocidade de transmissão de dados e de mentes conectadas irão deflagrar consequências e modelos de negócio inesperados.

A evolução da humanidade se dá através de experiências cada vez mais efêmeras. O nosso celular passa a ser uma extensão do nosso cérebro e o custo de acesso à tecnologia tende a zero a medida que você abre mão da sua privacidade.

Matrix da vida real e o pensamento linear

Agora você deve estar se perguntando se é melhor “deixar a vida te levar” ou se você cede ao seu lado “control freak“, assume as rédeas da sua vida e tenta se posicionar de alguma forma. Dilema que nos faz lembrar do filme The Matrix onde a decisão é entre a pílula verde (verdade) ou a vermelha (ilusão). Então “follow the white rabbit”

A mente humana foi treinada através de décadas a pensar de forma linear. A evolução sempre foi vista de forma linear. Qualquer projeção com crescimento de 20% ao ano era vista como parte de um cenário otimista.

Mas o que acontece se o crescimento passa a 200% ao ano? O primeiro efeito colateral é a perda da capacidade de se planejar ou prever o futuro. Imagine se a cada passo o seu passo dobrasse de tamanho. Use agora sua intuição e me diga em quantos passos você acha que seriam necessários para dar a volta no mundo por cima da linha do equador (*a resposta está no footnote).

Assim caminha a humanidade e, entre outros tantos novos paradigmas, a vida eterna (abordada na página do Leonardo Ganem no Facebook) bate à nossa porta com a conexão do nosso neocortex com a “nuvem” (como apontou Ray Kurzweil em uma recente entrevista), a evolução de nanobots e das células tronco.

As competências mais importantes para profissionais do futuro

Na Singularity University (que fica num espaço da NASA perto de Mountain View no Vale do Silício) tive a oportunidade ouvir uma pessoa muito interessante, chamada Vivienne Ming, palestrar.

> Leia também: A evolução recente vista de um prédio no Vale do Silício

Em determinado momento ela provocou a plateia a pensar quais seriam as competências cognitivas (as competências sócio emocionais eu deixo por conta da minha outra metade, @ToniaCasarin) mais importantes nos profissionais do futuro dado que as tarefas repetitivas tendem a ser substituídas por máquinas e algoritmos.

Naturalmente entre as respostas surgiram menções a “coding” e “computer sciences”. Em poucas palavras, a conclusão é que, na transformação digital em que vivemos, cabe – e sempre caberá – ao ser humano a criatividade, a imaginação, a emoção e a ética. Estes atributos permeiam a tarefa de identificar e diagnosticar os problemas a serem resolvidos. Somos nós que juntamos as peças como quem monta um projeto de Lego.

Precisamos ter medo de nos tornarmos inúteis?

A Neuralink, nova brincadeira de Elon Musk, está desenvolvendo uma interface entre máquinas e cérebro com banda larga ultra rápida para conectar humanos a computadores. A Intel promete revolucionar o mundo com a sua nova família de processadores chamada Nervana Neural Network Processor Family.

Se não tivermos noção do que caberá aos humanos é natural que tenhamos medo de nos tornaremos inúteis. Mas um recente desenvolvimento da Airbnb mostra uma luz no final do tunel.

A empresa disruptiva que desafia o negócio dos hotéis desenvolveu uma Inteligência Artificial que transforma rascunhos de design em linhas de código. Vale a leitura na íntegra da matéria sobre o assunto publicada na The Next Web. Basicamente você enxerga um problema, esboça uma solução num quadro e a tecnologia transforma seu esboço em um algoritmo.

Por fim, vários cientistas e líderes religiosos apontam para um momento no futuro breve de singularidade. O livro The Singularity Is Near, de Ray Kurzweil, fala deste momento.  O vídeo Data Limite Segundo Xico Chavier no Youtube fala sobre 20 de Julho de 2019.

O mundo não vai parar pra você descer. Muito pelo contrário, ele não só continuará rodando mas ele tende a acelerar sua velocidade de forma exponencial. Mudança profunda vem aí e vem rápido. Pare e reflita se o que te move a levantar todos os dias pela manhã é facilmente substituível por alguma tecnologia ou se é inerente a sua qualidade de ser humano. Enquanto você for capaz de criar, emocionar, distinguir o bem do mal, diagnosticar problemas e encontrar soluções você nunca perderá o seu valor único.

*Obs: A resposta da pergunta feita no texto é… Com aproximadamente 26 passos você daria a volta no mundo por cima da linha do equador.

Carlos H Moreira Jr é Co-fundador do Esporte Interativo, Mentor da Endeavor e da Ace, Empreendedor e Investidor Anjo. Formado em Engenharia na PUC-RJ e MBA na Babson College

 

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