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Avaliação relativa: como encontrar múltiplos e comparáveis para minha startup?

Precificar startups é um dos principais desafios de quem trabalha com este perfil de empresa. Seja com o objetivo de investir, auxiliar na venda ou mesmo adquirir uma startup, conseguir definir de maneira assertiva o valor de uma startup é algo complexo e subjetivo. Toda esta dificuldade provém de algumas características específicas dessas empresas. O alto potencial de crescimento faz com que seja difícil prever claramente os próximos anos da empresa. Além disso, por vezes o produto oferecido é muito disruptivo e inovador, o que torna complicado o entendimento da sua aceitação de mercado e de sua tração. A própria forma pela qual a empresa cria, captura e entrega valor – o modelo de negócio – passa por inúmeras transformações e ajustes.

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Existem dois principais métodos utilizados por analistas financeiros de todo o mundo que buscam, da melhor maneira possível, se aproximar de um preço justo para as startups que trabalham no dia a dia. O mais tradicional é o método de fluxo de caixa descontado ou DCF, pelo qual procura-se, por meio de premissas pré-estabelecidas, projetar o futuro da empresa e, após isso, trazer essas projeções a valor presente. Apesar da eficiência deste método em definir um valor em meios mais tradicionais e previsíveis, para as startups, por vezes, é muito difícil definir premissas assertivas para projetar o futuro da empresa, além de depender de um bom conhecimento prévio de finanças para ser construído.

O método mais utilizado para startups é o de análise por Múltiplos, pelo qual se busca comparar a empresa com outras similares, buscando um padrão no mercado. O múltiplo mais amplamente utilizado para avaliar startups é o de “Enterprise Value/Receita”, apesar de que para determinados modelos e setores outros tipos de múltiplos tenham maior destaque. Utilizando um exemplo para esclarecer a metodologia, vamos supor que uma empresa tenha uma receita anual de R$5 milhões e o múltiplo estimado do setor é de 3x, isso significa que o valor estimado da empresa, por meio do seu múltiplo de EV/Receita, é de R$15 milhões.

Além do múltiplo sobre receita, é comum vermos outros fatores sendo utilizados para esse método. Além de outros indicadores financeiros como base, como Ebitda (ou Lajida em portugues, sigla que representa o Lucro Antes de Impostos Depreciação e Amortização), alguns setores utilizam indicadores estratégicos específicos para avaliar as empresas. Quando falamos de negócios relacionados à saúde, é comum vermos o indicador EV/Vidas ser utilizado, da mesma forma, empresas que atuam no mercado financeiro podem usar o total do valor que tem em carteira como métrica para estimar o valor do negócio. É importante estudar a fundo o setor no qual está inserido e entender se existe algum múltiplo específico utilizado pelo mercado, procurando assim atingir a melhor estimativa possível por meio deste método.

Entender como funciona o método de avaliação por múltiplos é relativamente simples, o real desafio é encontrar quais transações ou avaliações são compatíveis com a sua empresa. Como sabemos, no meio de startups diversas empresas não têm uma área de atuação totalmente definida, o que pode tornar difícil encontrar comparáveis. Além disso, por vezes o setor no qual se encontra ainda não teve movimentações relevantes de M&A, ou as compras não tiveram todas as informações divulgadas, dificuldade encontrada frequentemente neste tipo de análise.

A primeira coisa que fazemos quando procuramos calcular um múltiplo para uma de nossas startups é expandir o horizonte de comparáveis, não procuramos apenas transações ou avaliações de empresas extremamente similares, mas procuramos diversas informações de empresas com mesmo modelo de atuação, mesmo setor ou até mesmo perfil de negócio. Juntamente com isso, procuramos analisar empresas de capital aberto que atuam na mesma frente, e todas as transações relativamente comparáveis disponíveis, tanto em bases públicas como privadas. Como principais ferramentas de busca no meio profissional, estão o CB Insights, Crunchbase ou TTR, entre outros, todos sites pagos que oferecem um compilado de informações sobre transações e investimentos de todo o mundo. Para além de sites pagos, é possível encontrar as principais transações em diversos portais de notícias ou, caso a aquisição envolva uma empresa de capital aberto, podemos achar diversas informações relevantes na parte de “Relações com Investidores” dos sites das empresas.


Tendo levantado todas as transações e avaliações comparáveis é importante analisar esses números. Dificilmente definimos um preço com base na média dos múltiplos, o mais comum é determinar uma ordem de grandeza próxima à realidade. Nas análises que realizamos, costumamos definir um limite pessimista e otimista, além da média ou mediana, a qual determinamos como realista. Ter essa gama de possibilidades à disposição é importante para conseguir analisar e verificar de maneira assertiva qualquer proposta que venha a aparecer para a sua companhia, se ela está dentro dos padrões de mercado, ou se está fora da realidade praticada, positiva ou negativamente.

Dificilmente a análise por múltiplos será a única utilizada por alguém que está avaliando a sua empresa, da mesma forma, não deveria ser o único meio que você utiliza para precificar o seu empreendimento. Porém, este método é extremamente valioso para validar premissas e identificar tendências de mercado, além de balizar expectativas de ambas as partes referentes a uma possível proposta. Em etapas mais avançadas de uma negociação, recomendamos a realização de um Fluxo de Caixa Descontado, construído a quatro mãos com o potencial comprador, para melhor assertividade e precificação não somente da startup, como de todas as potenciais sinergias entre as partes. 

Para entender melhor sobre como precificar a sua startup, ou se aprofundar em todas as etapas de um M&A, acesse nosso Guia do Exit, ou entre em contato conosco!

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26 de julho de 2024 – São Paulo