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É possível calcular o ROI de projetos de inovação?

Converso frequentemente com gerentes de inovação de diversas empresas e um dos assuntos que mais surgem é o fato de que precisam justificar o investimento da área para a alta diretoria. Os projetos de inovação já nascem com alta necessidade de comprovação de retorno financeiro e a um curto espaço de tempo. Faz sentido isso?

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O ROI, Return on Investments ou Retorno sobre Investimentos, é um termo bastante frequente no linguajar do pessoal de projetos e financeiro de grandes companhias. A matemática basicamente traz uma informação do quão saudável foi o investimento sobre determinado projeto. Mas o que significa analisar ROI em projetos de inovação?

Já falamos aqui sobre o processo de desenvolvimento de novos negócios, a metodologia do Lean Startup, o quanto eles mudam completamente ao longo do tempo. Desde a primeira ideia, por mais genial que ela pareça ser, passará por mudanças radicais, os chamados “pivôs”. Eles precisam passar por essa fase, afinal essa ideia se transformará em uma série de testes (MVPs) até se tornar um produto e que também sofrerá mudanças radicais ao longo do tempo.

Encontrar o desejado product/market fit leva tempo, muitos testes, análises e uma equipe muito boa para conseguir. O processo, que ao contrário de um Seis Sigma, que visa diminuir em partes por milhão as ocorrências de erros,  é regado de fracassos. Erros propositais e não propositais – mas que geram um aprendizado absurdo para a equipe – que possibilitam construir algo melhor e que faça mais sentido para o cliente. Como esperar um ROI positivo de algo tão imprevisível?

A CONTABILIDADE PARA A INOVAÇÃO

Gostaria de fazer uma provocação: e se o ROI não fosse uma métrica financeira, quais outras poderíamos mensurar para avaliar o retorno de projetos de inovação? Eric Ries, no livro “The Startup Way”, utiliza o termo “Innovation Accounting” como um importante método para mensurar o progresso da inovação dentro das companhias. Ele o descreve como “uma forma de avaliar o progresso quando todas as métricas tipicamente usadas em uma empresa estabelecida (receita, clientes, ROI, participação de mercado) são efetivamente zero”. Utilizando o Innovation Accounting, simplifiquei em dois passos iniciais para comprovar retorno para a organização:

1 – Definição

Defina o objetivo principal do investimento e depois as métricas que indiquem sucesso ou insucesso dessa ação. Exemplo:

Objetivo Métrica 1 Métrica 2 Métrica 3 Métrica 4
Construir uma cultura de inovação # inscrições de novos projetos # novos projetos em execução # novos projetos que geram crescimento # intraempreendedores envolvidos
Diminuir burocracia interna SLA’s de aprovação # projetos/processos finalizados % eficiência operacional Tempo de resolução de problemas
Construir um novo negócio que irá “matar” o negócio atual Número de novos clientes Taxa de retenção Taxa de indicação % crescimento semana-a-semana

 

Cada objetivo carregará métricas de avaliação diferentes. Quanto mais positivas elas forem, maior serão os sinais de que os projetos estão indo em direção ao objetivo final. Quanto mais negativas, maior será a necessidade de rever esse processo e até pivotar completamente a direção em que eles estão indo.

2 – Acompanhamento

Acompanhe a evolução desses indicadores. É extremamente importante mensurar e analisar o que está de fato acontecendo. Nós, gestores, temos uma tendência de querer esconder resultados negativos. Neste caso, resultados negativos nos trazem informações positivas. Queremos entender se estamos no caminho certo e o que fazer para melhorar a situação. Vamos trabalhar uma dessas métricas no novo exemplo seguinte:

Construir uma cultura de inovação Mês 1 Mês 2 Mês 3
# inscrições de novos projetos 10 15 20
# novos projetos em execução 0 10 20
# novos projetos que geram crescimento 0 0 15
# intraempreendedores envolvidos 20 50 80

 

Financeiramente falando, esse investimento provavelmente tem um ROI negativo no presente momento mas os indicadores estão apresentando progresso e os resultados em médio-longo prazo tem potencial de gerar um alto impacto para a companhia. Esse é o significado de retorno que devemos mostrar para o board.

COMO COMPROVAR RETORNO RÁPIDO DE PROJETOS DE INOVAÇÃO?

Existem vários tipos de inovação: sustentação, incremental, oceano azul, disruptiva… Para facilitar, vamos classificá-las em INOVAÇÕES DO CORE BUSINESS e INOVAÇÕES DE NOVO CRESCIMENTO. A primeira geralmente tem como consequência a melhoria em processos internos. Novas soluções que tem como ROI uma melhor maneira de se trabalhar, economia de tempo,diminuição da burocracia interna, agilidade na execução de atividades, entre outros.

A dica que eu dou é: se precisar mostrar ROI para a alta diretoria em pouco tempo, comece por aqui. Priorize a resolução de problemas inteiros que gerem “quick wins” para a empresa e ganhe confiança do board.

A segunda, INOVAÇÕES DE NOVO CRESCIMENTO, são aquelas que chegam a mudar o modelo de negócio atual para os clientes existentes e também cria novos negócios para clientes que ainda não são existentes. Se a sua empresa está em posição de ataque no mercado, ou seja, buscando aumentar o market share, opte por projetos que impactarão diretamente o fluxo de caixa da empresa. Esses provavelmente terão um tempo maior de amadurecimento.

Para esse caso, a dica é fazer investimentos em um portfólio de novos negócios. Invista com o mesmo mindset de um Venture Capital. Ataque uma oportunidade de crescimento de mercado com investimentos em vários projetos diluindo o risco do investimento e aumentando as chances de ter sucesso.

Inovar em uma grande companhia é desafiador. Como diria o Eric Ries, “pense grande, comece pequeno, escale rápido”. Trabalhe a cultura de inovação entre os colaboradores e demonstre valor para toda empresa por meio de fatos e dados. Mensure tudo e aprenda com o processo. Não existe fórmula mágica.

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26 de julho de 2024 – São Paulo